samedi 24 décembre 2011

samedi 3 décembre 2011

dimanche 27 novembre 2011

Cidade de papel

Voltas a nossa cidade
destruída.
Decides que é  lá
queres novamente (me) habitar.
Ignoras a dor que se espalha
por todo o seu corpo.


Sopras outro
outro tempo sobre o abandono.
Com papéis vai enfeitando a cidade
de ruas,pássaros, casas,
crianças, luas de água,
 algumas flores azuis.

A cidade enfeitada de espera.
A espera que,antes, era minha,só,
agora é tua.


Entro na cidade de papel,
quase desaba sobre meus pés.
O vento desmancha uma das luas.
Chove,
borra os edificios feitos de jornal.

Seguro tuas mãos
que estão frias
[o medo]
mas continuas andando sobre as ruas
como se não estivesses vendo
o papel.

De mãos dadas as tuas,
sigo
na cidade de papel desabada.


Dentro dela,
reparo:
nos teus olhos,
a cidade
é real.

vendredi 25 novembre 2011

Poema contado pelo Tempo:



As flores se doam aos olhos.
Os  pássaros se doam aos olhos,
mundo-poema.






.
A cada beijo - sendo este também palavra, me desfigurava, tua alma abria minhas formas, tua saliva escorria meu fluxo, meu gozo era o teu, a angústia de te ser em meu corpo aberto, ânsia inútil de mutilar-me para não te ser em mim.
 
 
 

jeudi 24 novembre 2011

Silêncio.

Quando dói, não se fala, o silêncio consome a dor.






















(Desenhos feitos no ônibus, 23/11/11, engarrafamento, Av.Brasil)


dimanche 20 novembre 2011

Para Joyce, Sabrina e Vitória: crianças vendedoras de jujubas no centro do Rio de Janeiro

Dedico este espaço a Joyce(11 anos), Sabrina(9 anos) e Vitória(8 anos), crianças que vendem jujubas no Centro do Rio de Janeiro.

Nesta noite de agosto, por um instante,não venderam mais, podemos nos deslocar daquele espaço através da literatura.

Esses desenhos são minhas memórias dessas crianças...

Por Joyce:

(para olhar o céu e as estrelas)

(boneco de palito-varal)

Por Vitória:





Por Sabrina:





“A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo o que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver”

PESSOA, Fernando, trecho de “O guardador de rebanhos VIII” (1911-1912) in O eu profundo e os outros eus (seleção poética: Afrânio Coutinho), Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1980, 17ª edição, pág. 144

samedi 17 septembre 2011

Beijo de Vento

Na minha casa mora uma palmeira que chora quando
o vento despenteia seus cabelos compridos, finos e verdes. 
Para mim, parecem patas de lagostas. 
Na janela, o choro agudo, seus fios brincam de ventar,
se embolam em canto de ar, 
o frágil corpo e o azulado sopro, beijo de Vento.

 Às vezes,o canto, vazio do choro, se faz mar 
E, no azul das suas fluídas mãos, entorna-se.



[Queria um beijo morno de amor, de amor já anunciado, já declarado, a chuva amenizou, hoje é dia 14 de março, há planetas com mais de uma lua. Uma vez,antes de dormir, imaginei uma ilha que ao invés da areia, havia teclas de piano e o mar transparente para se confundir com o ar. Aos poucos, me senti como sal que adoça ondas, piegas e lindo como o amor e seus lugares comuns que sempre nos tocam, mesmo tendo o mesmo canto. As dobras de tecido da cama... parecem superfície de lago disfarçando sua beleza em bege de pano. Me deixa, Tempo, num agora violento de felicidade, ainda que seja "felicidade clandestina".]



vendredi 16 septembre 2011

mardi 6 septembre 2011

A infância do Quarto










Minha boneca de pano mandou um grande beijo! rs
com carinho, canetinhas e água, 
Juliana

jeudi 25 août 2011

barco de papel

Desapareço,
barco de papel, 
no branco da lua,
pupila da madrugada
aberta, nu breu.




Pela fresta da janela vi papai.
De súbito, corri à porta da frente, queria que visse meu rosto.
As vezes, tenho medo que possa o esquecer como um borrão d'agua que desaba uma fotografia por conta de uma gota. Lá, se afogaria meu rosto,  em meio as memórias que nunca existiram.
Quando foi a última vez que vi papai?
Acho que era criança, na manhã caneca azulada quente de leite com seu beijo de bom dia, carinho a me estalar ainda hoje. Neste quando, conheci minha primeira espera. Meu pai nunca mais voltou daquela manhã. Desde então, espio um homem desconhecido vestido com as  mesmas roupas de papai que, todos os dias,  descama à porta.



Juliana, madrugada de agosto



vendredi 19 août 2011

Às crianças de todos os adultos,

O pequeno príncipe te manda um beijo com tanta vergonha que ficou até com a bochecha azul! rs








com carinho, tintas e chuva,
Juju

jeudi 11 août 2011

O incenso


Os acasos do vapor
véu de sonhos
a se estender no azul,
libertam águas-vivas transparentes,
almas leves nas mãos do Vento.



nas palavras o Incenso e o Vento (rs)

jeudi 14 juillet 2011

Dormência


Dormência é uma centopeia espichada que,às vezes, dança sapateado dentro de ti.
 



dimanche 5 juin 2011

A menina da xícara (ilustrado, primeira tentativa)

Às crianças de todos os adultos.

         A menina da xícara

Eu, Tempo, conto esta prosa de outrora
escrita à luz no fundo de uma xícara
Além do torto desenho da porta,
havia uma insólita menina viva!!


Fez de varal a minha fina linha.
Secou saudades, besouros e as pernas.
-Venta comigo!- me gritou da xícara.
E em meus seios sussurrava apenas...


... a tal espera altruísta de um Amor
que não cabe nos lábios do Poema.
Decidi, como estava de bom humor,
Soprar, de perto,as palavras da cena:

O Destino de mãos dadas ao vento,
Abriu veloz aquela porta antiga,
Compôs um ser imbuído do alento
que arde, há tempos,à boca da menina.



A carne de porcelana vertida
em chamas, assim, rimou para Sempre.
E, como todo Amor-luz,ventou a Vida
espalhada em palavras transparentes.


Agora, parto para uma outra xícara!
(E isso,(in)felizmente, te inclui na lista.)

             Sem pressa alguma,
                                          Tempo.










Conversei com os versos e eles se recontaram assim:


A menina da xícara



Eu, Tempo, conto esta prosa de outrora
escrita à luz no fundo de uma xícara.
Além do torto desenho da porta,
havia uma insólita menina viva.

Fez de varal a minha fina linha.
Secou saudades, besouros e as pernas.
-Venta comigo!- me gritou da xícara,
E nos meus seios sussurrava apenas

a tal espera altruísta desse Amor
que não cabe nos lábios nus do Poema.
Decidi,como estava de bom humor,
Soprar, de perto,as palavras da cena:

O Destino de mãos dadas ao Vento,
Abriu veloz aquela porta antiga,
compôs um ser imbuído, então, do alento
que arde, há tempos, à boca da menina.

A carne de porcelana vertida
em chamas,assim,rimou para sempre.
Como todo Amor-luz, ventou a Vida
espalhada em palavras transparentes.

Agora, parto para uma outra xícara.
(Infelizmente, isso te inclui na lista)

Sem pressa alguma,
Tempo





jeudi 26 mai 2011

Vestígios


* Livre adaptação do poema “O caso do vestido”, de Drummond






A fé estala à porta, o jornal esfria a mesa.
Num vento fino de areia, entra à casa uma história vestida de renda e espera, um tal caso do vestido, da vizinhança, conhecido.
Não pede licença e se instala.


A cada passo ruidoso, um rastro de fim, vestígios de palavras que com tanto ruído, calou-me para ouvi-lo. Em seu vestido, trazia no colo mui devassado, um antigo relicário. Dentro dele, um retrato de família a espalhar sobre o tecido o incomodo de existir.


Insólita criatura que se arrastava pela minha casa entre corredores e madrugadas. Às vezes, parecia vapor de memória que se apaga. Às vezes, surgia tão nítida, densa aos olhos, que, aos seus desejos, se entortavam azulejos, quadros e gritos. Depois, lúcida, como quem pede desculpas, desaparecia.


Li, no seu corpo de tempo, o tal caso esquecido: a paixão, feto de sentimento brusco, irrompeu aquele retrato da família do relicário. Assim, entrou na fotografia, a outra, mulher de uma malícia que a beleza desmentia. Por vontade tentava, minuciosamente, arrancar a figura da esposa da fotografia, mas desta, apenas o rosto, conseguiu sobrepor. Assim, dentro do retrato, Éster, a outra, se emoldurou, vestida no vestido da antiga esposa, de mãos dadas ao “marido”. O restante da fotografia, aquela mulher do demo, não por gosto, mas por satisfação, cobriu inteiro de azul.


Pronto o retrato, eis que o amor pegou. Éster, às cegas, rodopiava no frágil tecido, como se seus passos não pesassem neste palco pregado de súbito. Colagem a desabar sobre o próprio peso e arrastar consigo qualquer vestígio de tal caso vivido.


O azul invadido de luz, descamou as saudades. Eis na fotografia, o rosto da sempre esposa, as filhas, os móveis da sala, as flores no criado- mu(n)do, tudo como antes era. O vestido fez-se novo, assim como o retrato, ao bafo de um dia que a espera despertou.


Fecho o relicário.
Ao meu lado, surgem.


Arrumo mais pratos à mesa, minha boca não diz palavra, parecia que àquela família sempre pertenci. Comiam meio de lado, e nem estavam mais velhos, “o barulho da comida me acalentava, me dava uma grande paz, um sentimento esquisito de que tudo foi um sonho”, não há vestido,nem nada, apenas o coração do instante.





Juliana nas Palavras e Fotografia

mercredi 18 mai 2011



O coração do Instante rima Mundo,
Te amo.





Juliana nas palavras e fotografia

dimanche 8 mai 2011

Sorte

  Sorte                    
    Quando  o Acaso rima com o Destino.
                                                                               
               
                      Palavras e ilustração: Juliana Gelmini 
                                      

Sentimento sobre a tela


Sentimento sobre a tela, Madrugada de Maio.

samedi 16 avril 2011

fios de tinta


   "Sonhos
Sonhos
  Sonhos
                       Sonhos
  Sonhos
  vou morrer de sonhos."
 Palavras de Frida Kahlo  (Diário de Frida Kahlo)

 Pintura de Juliana Gelmini

mercredi 13 avril 2011

Barbatana

* inspirado no conto Minsk de Graciliano Ramos




Barbatana

Eu tenho um peixe de escamas de Sol e com barbatanas que brilham como se fosse elétrico. Barbatana, nome comprido como ele, é espichado- espichado, parece até pôr do sol deitado em cima da tarde, mas é duro, de plástico laranja e uns olhos esbugalhados que nunca deram medo e, um dia, juro, já até vi piscar! Meu peixe de sol não nada, só desliza em pequenas rodinhas pela rua, pedindo areia de mar. Onde Barbatana passa, se juntam bichos de todo o mundo, até de filmes, foi assim que dançamos com os pingüins da moça que voa com um guarda-chuva. Numa cordinha, arrasto barbatana , parece sempre que vai se soltar,então, conversei com a corda para que não desistisse de ser corda logo no agora que Barbatana estava comigo! Ela, meio contrariada, entendeu, também amava Barbatana, e o segurou o mais firme possível. Barbatana,sempre insistia o mesmo pedido, queria ir à praia, e no lá onde a areia e a água se espalham, nadar. Assim, eu o levava, até que num confuso quando, me perdi dele. Descobri Barbatana na multidão de crianças que abraçavam meu peixe e, com ele, corriam para o mar. Minhas pernas empurraram o medo, seguindo Barbatana, ao fundo, me joguei no tom laranja que iluminava o oceano. As crianças surdas do meu desespero, arrastavam meu peixe no longe, precisava dele, as escamas de Sol, meus pés afundavam moles na água, talvez, o fundo tivesse sumido no espanto do nunca mais. Debaixo d’água, abri os olhos, flutuava em escamas, a luz derretida no azul, azul ... palavra que me abraçou toda, nos seus braços que pareciam mais cadeira de balanço da vovó, com o azul me apertando, apertando... De repente, a espera me arrancou daquela cor, desembolando os fios de tinta e à superfície d’água me entregou. Acordei sob uma jangada de escama- laranja , pôr do sol deitado na tarde que, ao anoitecer, desgrudado do horizonte, se soltou ao ar, assim, Barbatana asas de escamas, espichadas-espichadas, ao voar, se estendeu sobre o mundo, abraço de sonho.


Nas palavras Juliana Gelmini
coautor: Barbatana