dimanche 27 novembre 2011

Cidade de papel

Voltas a nossa cidade
destruída.
Decides que é  lá
queres novamente (me) habitar.
Ignoras a dor que se espalha
por todo o seu corpo.


Sopras outro
outro tempo sobre o abandono.
Com papéis vai enfeitando a cidade
de ruas,pássaros, casas,
crianças, luas de água,
 algumas flores azuis.

A cidade enfeitada de espera.
A espera que,antes, era minha,só,
agora é tua.


Entro na cidade de papel,
quase desaba sobre meus pés.
O vento desmancha uma das luas.
Chove,
borra os edificios feitos de jornal.

Seguro tuas mãos
que estão frias
[o medo]
mas continuas andando sobre as ruas
como se não estivesses vendo
o papel.

De mãos dadas as tuas,
sigo
na cidade de papel desabada.


Dentro dela,
reparo:
nos teus olhos,
a cidade
é real.

vendredi 25 novembre 2011

Poema contado pelo Tempo:



As flores se doam aos olhos.
Os  pássaros se doam aos olhos,
mundo-poema.






.
A cada beijo - sendo este também palavra, me desfigurava, tua alma abria minhas formas, tua saliva escorria meu fluxo, meu gozo era o teu, a angústia de te ser em meu corpo aberto, ânsia inútil de mutilar-me para não te ser em mim.
 
 
 

jeudi 24 novembre 2011

Silêncio.

Quando dói, não se fala, o silêncio consome a dor.






















(Desenhos feitos no ônibus, 23/11/11, engarrafamento, Av.Brasil)


dimanche 20 novembre 2011

Para Joyce, Sabrina e Vitória: crianças vendedoras de jujubas no centro do Rio de Janeiro

Dedico este espaço a Joyce(11 anos), Sabrina(9 anos) e Vitória(8 anos), crianças que vendem jujubas no Centro do Rio de Janeiro.

Nesta noite de agosto, por um instante,não venderam mais, podemos nos deslocar daquele espaço através da literatura.

Esses desenhos são minhas memórias dessas crianças...

Por Joyce:

(para olhar o céu e as estrelas)

(boneco de palito-varal)

Por Vitória:





Por Sabrina:





“A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo o que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver”

PESSOA, Fernando, trecho de “O guardador de rebanhos VIII” (1911-1912) in O eu profundo e os outros eus (seleção poética: Afrânio Coutinho), Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1980, 17ª edição, pág. 144