lundi 26 mai 2014

Luz

Luz
amarelo feito de afeto

ossos antigos de palavras

No ventre da noite,
adormeço.

Ossos antigos de palavras
olham
não entre, caminho, teu.

Tocam sinos, sós
o azul abre meus olhos

Cortinas que não existem,
enfeitadas de ausência,
ventam.

Mas meus fios,
minhas cordas,
permanecem imóveis


Teu poente em meus lábios
me afunda em pássaros

mas "o céu é grande!",
você diz.

O silêncio sangra
azul.






Palavras e desenho de uma noite de maio adormecido.

mercredi 21 mai 2014

curta-metragem

Na gaiola, um pássaro
Do lado de fora, o voo
agitado, outro pássaro
apaixonado
de mesmo colorido
Nos olhos dos dois:
encontro impossível.

lundi 5 mai 2014

Vaga-lume

Estou olhando a palavra vaga-lume bem diante do meu nariz
É meio-dia e tenho certeza que essa palavra está bem aqui
no nariz que também é dentro do peito, de acordo com a última pesquisa cientifica de uma universidade cujo nome já esqueci, ah, a universidade dos javalis
meu vaga-lume riu
eles são assim, não, me corrigiu, disse que apenas ele era assim, fiquei mais feliz
Estamos nos olhando invisíveis, olhar palavra nem sempre é fácil, ainda mais uma que está no espaço diante do seu rosto, entre os óculos e um desgosto
sim, meu vaga-lume sabe aquilo que não preciso dizer

Os que estão à minha volta aqui no trabalho, luz vaga, parecem mais  fotografia, imóveis na minha vista, só o vaga-lume existe, a palavra que se equilibra na ponta do meu nariz
E assim vou esquecendo do teu nome repetido em giros de dentro.

Vaga-lume, quando você voar, me leva contigo?

Veredas de fim

Há um barco
nas veredas de ti
dentro de mim
a espiar meu olhar
meus serás
nossas águas
agora separadas
o barco balança
à dúvida nos lança
mas firme escoro
suas fronteiras:
ancoras de fim.

samedi 3 mai 2014

presente

"Ah, se eu pudesse viver
no instante presente de ser
sentiria a água escorrer
na pele a bater: você!"