lundi 24 août 2015

"a blue bird inside my heart"




"There is a blue bird inside my heart", uma tentativa de voo no final de agosto...



"there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pour whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he's
in there.

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don't
weep, do
you?"

Charles Bukowski

lundi 17 août 2015

O Velho e o Mar

O Velho e o Mar

Porto:
Santiago acena.
No pequeno barco,
brilha meu maior sonho
enxugo os olhos com sal
e o brilho aumenta
Parto ao meu parto,
Na ausência de Manolin,
candidato-me!

Barco:
À noite, as estrelas no mar
desenham meu sonho entre
a linha, o anzol e a isca.
A Espera na proa do barco,
de cabelos bagunçados,
boceja calma e sopra outra
sombra na água, a expectativa.
A linha treme, o barco balança,
o Nada nada, outra vez.

Amanhece, os remos cortam
túnel de nuvens em esperança
a linha e o anzol dançam no azul
profundo como a fome do Velho,
Sardinhas cruas apenas nos restam,
mas ainda sem limão ou sal!
Na mão esquerda,  o Velho com a linha
 presa nos dois dedos, nenhum peso
E o vento sopra com suavidade.
A linha treme, o barco balança,
o Nada nada, outra vez.

Hoje à tarde, arrumamos os remos,
"não precisamos matar as estrelas, ainda bem!",
o Velho  disse e a noite agitou o barco,o esperado momento!
Na linha, um puxão se fez ligeiro, um esticão violento,
"Vamos!'- bradou  o Velho - "Coma a isca, meu peixe!",
E a linha correu pelos dedos, sangrando-os, sangrando-os.
O anzol treme,o azul dança, o barco balança,
"Meu Deus, o enorme peixe!", pela primeira vez,
tão grande, muito maior que o barco,
Do tamanho exato do sonho de Santiago!

Sangra o Sonho:
Um pássaro pousa na linha, treme um pouco e voa,
"A Sorte  foi ser Vento longe de nós!", o Velho entoa.
E o peixe nos arranca mar adentro, mar aberto, mar a ermo,
Mas a linha não se rompia, nem o peixe, a fome ou anzol.
O barco girou, assim, oitenta e quatro dias, forte e cansado,
até a coragem com seu arpão faminto rasgar do peixe, o coração! 
Boiava o corpo imenso de escamas cinzas, num rastro vermelho e azul.
 Junto ao barco,amarrei as cordas pelo corpo do peixe silencioso.
"Conseguimos, Santiago!", disse sem falar, ele olhava rumo ao mar.


Entre azuis, fomos seguindo, rumo à costa invisível.
 Logo no início, na trilha do sangue, já surgiram: tubarões!
Os primeiros, matamos a facadas e arpões,
Mas, à meia noite, o cansaço entornou pra dentro do barco,
"Santiago, não há mais facas! Não há mais arpões!",
entre o mar agitado, voltaram vários tubarões!
Olhos amarelados frios a devorar tão rápido a carne do Sonho,
numa bocada só, estilhaçada entre os dentes brancos,
"Do imenso Mar, só nos restou a espinha.", o Velho respira.


Cais:
Avisto o cais, o barco pousado, a sombra do Sonho descansa.
Na areia, afundamos ou andamos com as velas nas costas.
Manolin surge, chora ao olhar a espinha presa no barco.
"É inacreditável!", diz, "Esse é o maior peixe que já se viu!".
De volta à casa, eu e Santiago, entre jornais como almofadas,
adormecemos lado a lado, partidos e secos, sonhamos com leões.






 Escrita inspirada na experiência de leitura do livro O Velho e o Mar, de Hemingway!É, essa história me tocou...


Fotografia de 2012, mas esse texto pede  uma aquarela... quem sabe?





dimanche 9 août 2015

Para meu pai, com carinho!

Pai é uma palavra careca,
trabalha bastante e gosta de ganhar
meias pretas e cuecas!

Pai é uma palavra  comilona.
Sanduíche velho ou chocolate,
ele detona!

Pai é uma palavra companheira.
Na rua debaixo de casa ou
no deserto do Saara, ele me leva,
 mesmo que eu não queira!

Pai é uma palavra porto seguro.
Se os ventos improvisam noite
ou a alma abre furos,
ele nos protege do escuro!

Pai é uma palavra passarinho.
Na verdade, essas três letras
são um novo pio!

Pai é uma palavra ninho.
Abrigo trançado de pão  e amor,
com esforço diário, forte linho!
De onde lancei meu primeiro voo,
E ele, ao meu lado, sorriu!

Pai é palavra azulão
E eu, palavra amarela.
Juntos, somos um verde
feito balão ou estrela.
Juntos, pai e filha,
 somos  um ritmo que
faz cócegas  no umbigo,
um som invisível que
 guarda infinitos,
 toca aonde for,
é feito de luz
e se chama: Amor!



Feliz dia dos pais, pai!
Te amo!
De sua filha, Juju




"Nunca se esqueça da alegria dos seus olhos
e do seu coração." (Madre Teresa)


A louca dos giros

A louca dos giros

A Ilusão é uma andrógina rosa azul:
miraculosa, incólume aorta do eterno ainda 
de olhinhos opacos de vidro sem brilhos e míopes,
andar inquietante, em círculos, a girar no mesmo lugar da Espera,
no pátio dos afobados, todos os dias, de mãos suadas,
cigarro em fumaça a desenhar no ar um incompreensível tarot.
Ela, tantas vezes cigana, estava vestida elegante como se fosse a festa no hospício. E um sonhador diz:
- Olha, outra vez, a ilusão em giros, sem ficar tonta, sem envelhecer! - E corre para com ela se deitar.
A louca dá uma gargalhada alta, mas nada se mexe, então, risca um fósforo verde  e ateia  fogo em si! Ah, o súbito incêndio das vontades esquecidas ardem em seu corpo silenciado na fogueira ensandecida de Talvez.
E o sonhador se lança também no incêndio como se fosse Ícaro, mas sempre é tarde demais. Na cera derretida de suas asas, a mesma mensagem da "louca dos giros" repara:
-  Amanhã, meio-dia, no pátio dos afobados, como se fosse festa no hospício, novamente, estarei. Você vem?

(esboço, 2013)

dimanche 2 août 2015

Agosto dentro da lua

Agosto começa dentro da lua cheia,
num gozo de vaga-lumes do mar,
a lua tontalontra, meio balão, tombou pra
dentro de mim, trocamos,enfim, de lugar:
apareci redonda relâmpada, plena de luz,
o escuro me acariciava com palavras azuis,
vinho para a saudade adormecer...


Do alto, o mar parecia o céu de Chagall,
os peixes como estrelas móveis entre
nosso segredo guardado pelo roxo.
Teu rosto  estava em tantos outros,
difuso, outra vez, a vontade bruta
ilusionava teu verde em ondaslongas,
pisca-piscavam, pisca-piscavam,
é você?

Meus grandes olhos amar-elos de lua
pousados no banco da flauta, sozinhos,
ah, o incêndio da espera sem esperanças
abre meu corpo lunar em súbita manhã,
as labaredas ensaiam  fogos de artifícios
no beijo inventado que no Nunca te dei.