mercredi 30 mars 2016

Aviões de papel: solo para lugares comuns

Aviões de papel
arranham o céu
com palavras
a tinta nem sempre visível:
a pergunta mais importante
a pergunta mais importante
levam, contrabandistas

[De onde viriam?
Pra onde iriam?
Frágeis aviões]

Me olham [do papel]
as palavras dobradas:
a pergunta da vida
verdadeira

Tarde de março
corro em disparato
em fuga derrapo
tropeço na pergunta
sacudida no papel


Tomo um avião na mão
O barulho aumenta
[Teria também coração?]

Um filme lembra de mim
era a mesma cena
a mesma chuva
sem chuva

Procuro a câmera lenta
[Se pode me ouvir, dê um sinal]
As árvores altas ventam
Os olhos enchem d´água
Um orvalho se arrisca e rápido pinga
[Seria a coincidência da minha vida?]

Aperto o papel perto do peito
Amasso as palavras das asas
O coração dele descompassa
o silêncio em círculo cavalga

Desdobro ávida
o papel
[desfaço o avião]
a expectativa sonhada
o silêncio aumenta:
era a mesma cena
a mesma chuva
sem chuva

sem palavras
sem perguntas
sem coincidências
[Eu sei, ilusão apenas]

Em preto e branco,
a Imaginação
outra vez, só,
rebobina a cena







*
(penúltimo dia de março, 2016)




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