dimanche 27 mars 2016

Dama de Copas ou imóvel no meu nascer em sol

Presa
da torre
aquela estranha imagem volta
tua voz alta alta
histérica
como uma nebulosa  pra cima do meu corpo
tomas a palavra "livre" [ligeiramente inclinada sobre meu pescoço]
como um grão que tenta brotar
os olhos pesam
[até quando vou aguentar?]
o hospício diário agita outra vez
árvore genealógica:
poderá um ramo não apodrecer?
[poderá?]

Mais um tijolo ajuntas
a torre aumenta
Tu, a  Dama de Copas, me olhas do alto
"às suas ordens",  esperas que diga.
E tua voz toma meus cabelos:
o corte curto!
[Contenção, não se expandas, a dose medida]
Tua voz amarra meus braços
imóvel no meu nascer em sol
imóvel no meu nascer em sol
[mas és capaz de romper a luz?]

Cai o pano preto sobre a cena.
A Dama muda de face
Aristab

[Confinada
a vida estancada
a parte secreta da seiva
apodrecida
o cheiro entorpece
envenena
adoece ao redor
a raiz seca
o incêndio alcança
as margens em volta]

No cenário tarja preta:
resto-me,
último fruto
[mas és capaz de romper a luz?]


[ alguns cometas perdidos em desenhos antigos]

2 commentaires:

  1. Nossa, você escreve tão bem! Onde acho um exemplar do seu livro?

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    1. Oi, Bruna! Que lindo! A história deste livro é uma odisseia (rs), mas espero que ainda este ano ele finalmente fique pronto. Só faltam mesmo as ilustrações! E o seu, quando sai? Ah, destranquei artes, semana que vem também estarei pelos corredores da eba!

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