mardi 31 mai 2016

Bolinho de chuva

Bolinho de chuva
de chuvisco,
de brisa,
um dia, quem diria?
na primeira mordida,
uma nuvem escondida,
pulou um pouco perdida
pela janela inventada
como quadro pendurada
do lado de fora da entrada

Bolinho de chuva
em choro, trovoada
[um pouco torrada]
seu sonho é ser curva
da razão meio avoada
ou bolinho de neblina
assada e divina
um dia, quem diria?
na segunda mordida,
a nuvem começou a funcionar
feito máquina de escrever antiga:
tac-tac-tac-tac-tá
as correntes de ar
[con]versavam sem parar
na linguagem dos ruídos

Bolinho chuvoso,
pela terceira vez, te mordo
gosto de nuvem a funcionar
estranho tac-tac-tac-tac-tá
a respingar gotas de faíscas
da feitura da chuva frita
quando um curto circuito e tanto,
de súbito e de afeto, risca
a palavra relâmpago em branco
no céu da boca que chovia,
uma memória azul brilha.













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