mercredi 15 juin 2016

Amnésia

Minha alergia voltou. O coração da palavra trem é grande e silencioso. Cabe em qualquer lugar. O coração da libélula é parado e pequeno, não muda de cor quando se desespera. Fico pensando essas coisas que não me levam a nada. Não sei quando dormi ontem. Esqueci todas as luzes acesas sobre um nome que não consigo me lembrar. Quem é você? Esse rosto meio apagado no porta-retrato da memória. Parece que fez frio. De quem são essas palavras que sangram meu corpo?  Preciso tomar banho. Limpar palavras desconhecidas que pesam. Algumas agarradas no meu cabelo são histéricas. Sussurram coisas que nunca vivi. Que tatuagem é essa em minha pele? De quem são essas memórias que dormem em minha casa? Devo acordá-las? Que dia estranho. Eu não sei do que elas falam. Qual será o solvente das palavras que mentem? As garras das palavras abrem a antiga cicatriz. Quem são vocês? O que fazem aqui? Parece que esqueceram uma foto 3x4 ao meu lado.  Atrás, um número de telefone anotado. Faltei o trabalho hoje. O café esfriou. Pela janela, dentro da garrafa de vidro, os carros se empilham. Dentro da foto, a tatuagem de dragão acordou, incendeia o desconhecido rosto. Faíscas no baile de papel. Penduro minha pele para secar do amor. O incêndio dentro do retrato a incendiar meu quarto.  O coração da palavra osso é fundo e treme pouco, mesmo no frio.

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